Atividade sobre procedimento de leitura


exercício-enem-interpretacao-descomplica (8)Você sabe quais os casos em que um candidato pode tirar zero na redação do Enem? Poderá tirar nota zero o candidato que copie trechos dos textos motivadores ou apresente fuga do tema. As notas das matérias não são avaliadas em número de acertos, mas sim em níveis de dificuldade e coerência nas respostas, ou seja, se estatisticamente uma questão tiver mais erros, será considerada mais difícil e mais pontos o candidato terá, porém, ao acertar questões mais difíceis, espera-se que este participante acerte maior número de questões fáceis e médias. Caso erre uma questão que teve maior número de acertos, sofrerá maior penalização de perda de pontos, sendo esta uma das técnicas antichute das notas do Enem. As provas serão corrigidas através de computadores através dos cartões de resposta. sabendo disso, é cada vez mais importante que o estudante se prepare com exercícios e propostas de redação atuais para o Enem. É isso que trazemos abaixo para vocês.

Lista de exercícios para Enem

AS QUESTÕES DE 19 A 24 DEVEM SER RESPONDIDAS COM BASE NO TEXTO IV.

(AS QUESTÕES DE 19 A 20 SÃO DO VESTIBULAR SERIADO DA UFU – 2006.)

TEXTO IV

Dezesseis palavras que choram

1. Afinal, o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, deve ser condenado por crime de racismo? Desde o último dia 31, quando, em evento na cidade-satélite de Brazilândia, ele qualificou como “crioulo” um cidadão que o hostilizava, a questão está posta. O PT de Brasília, acérrimo adversário do governador, iniciou processo contra ele. Teve gente que protestou. Se as palavras de Roriz merecem ou não condenação será o nosso tema, mas antes detenho-me na frase por inteiro, que aqui vai reproduzida em maiúsculas e num parágrafo à parte, para lhe realçar o sabor:

2. ALI ESTÁ UM CRIOULO PETISTA QUE EU QUERO QUE VOCÊS DÃO UMA SALVA DE VAIA NELE.

3. A frase, mesmo que não contivesse o “crioulo”, já seria um assombro. Suas dezesseis palavras configuram um pandemônio sintático. Além disso, do primeiro “que” ao “nele” do final, passando pelo “dão” em vez de “dêem” e à “vaia” em vez de “vaias”, há atentados de toda ordem contra a língua portuguesa. O conjunto todo é de levar o professor Pasquale a nocaute. Menção de honra vai para a “salva de vaia”. A “salva” que se conhece é de palmas. Roriz inventou a “salva de vaia” – ou, melhor ainda, de “vaia”. De todo modo, o cerne da questão está no “crioulo”. Ele revelaria não apenas um transgressor da gramática, mas da lei, vejamos as linhas de defesa de que disporia o governador.

4. Crioulo, ao contrário do que geralmente se pensa, não quer dizer “negro”. Quer dizer: “cria da terra”, “filho do local”. A palavra proviria de “criadouro”. Com o tempo, perdeu um “d” aqui e um “r” ali, ganhou um “l” e virou crioulo. No Brasil da escravidão, o crioulo se opunha ao africano. Este era o escravo ainda de primeira geração, nascido na África. O crioulo era o já nascido no Brasil, filho de uma escrava que deu cria. Esse sentido se aparenta ao dos países hispano-americanos, onde “crioulo”, nos tempos coloniais, era o habitante nascido na colônia – o branco, não o negro nem o índio – , em oposição ao que nascera na Espanha. Também se aproxima do “créole” francês, palavra usada para identificar o dialeto falado nas colônias, mistura do francês com línguas locais. Ou seja: uma língua criada no local.

5. Dito isso, temos um primeiro argumento em favor de Roriz. Ele não estaria dizendo “Ali está um negro petista etc.”, mas sim “Ali está um filho desta terra...” Já que estamos no afã de refazer-lhe a frase, poderíamos ir além, e corrigi-la também no português, para ficar mais palatável aos julgadores. Ela ficaria assim, igualmente em maiúsculas e num parágrafo isolado:

6. ALI ESTÁ UM FILHO DESTA TERRA, POR SINAL PETISTA, PARA O QUAL PEÇO QUE VOCÊS DESTINEM UMA SONORA VAIA.

7. Não pegou? Tal linha de defesa soa forçada. Há outra. A de que tudo não teria passado de brincadeira. Esta é, na verdade, a linha que está sendo usada por Roriz. Ele conheceria o “crioulo” em questão, e a palavra com que se referiu a ele representaria uma fórmula carinhosa. O governador do Distrito Federal até identificou o destinatário da frase. Seria um certo Marinalvo Nascimento, um cabo eleitoral (...)

8. Eis-nos diante de argumento muito usado pelos acusados de racismo verbal. “Criolo”, assim como “negão”, seria manifestação de carinho. Talvez existam, mas são sem dúvida raros os casos em que um negro manifesta o apreço a um branco chamando-o de “brancão”. Mas branco chamar negro de “negão” pode. Acresce, no caso de Roriz, que ele reserva suas fórmulas carinhosas, segundo seu secretário de Comunicação, às “pessoas mais simples”. As pessoas mais complexas, infere-se, delas são dispensadas.

9. Aceitemos as alegações do governador. Era um amigo e foi brincadeira. Mas o amigo, o tal Marinalvo Nascimento, não era um correligionário? Sem dúvida. É até cabo eleitoral de um próximo companheiro do governador. Por que cargas-d’água, então, foi Roriz chamá-lo de petista? E por que foi pedir uma vaia para ele? Nesse ponto, sempre no afã de oferecer linhas de defesa ao governador, resta alegar que ele foi vítima de dois lapsos de linguagem. Quando disse “petista”, o que quis dizer é que não se tratava de um petista. Falou o “não”, só isso. Quanto às vaias... Já não se disse acima que quem diz “salva” quer dizer sempre “salva de palmas”? Pois foi isso que o governador quis dizer. Por um lapso, trocou “palmas” por “vaias”, mas o que quis dizer mesmo foi “palmas”. O que nos leva à última correção, para que a frase enfim se revista de sua definitiva forma e real significado:

10. ALI ESTÁ UM FILHO DESTA TERRA, ALGUÉM LONGE DE SER UM PETISTA, PARA O QUAL PEÇO QUE VOCÊS DESTINEM UMA SALVA DE PALMAS.

11. Conclusão: Na verdade, Roriz deve ser condenado não por racismo, mas porque não sabe o que diz.

TOLEDO, Roberto Pompeu de. Veja. São Paulo: 13.fev.2002

QUESTÃO 19 (Descritor: depreender de uma afirmação explícita outra afirmação implícita.)

Assunto: Procedimento de leitura.

Assinale a alternativa que apresenta análise mais ADEQUADA do texto.

A) Discute a evolução dos estudos gramaticais a partir do discurso de um político brasileiro.

B) Defende normas que os gramáticos impõem para que os falantes não as transgridam.

C) Denuncia uma alta autoridade, criticando-a por usar inadequadamente a língua numa situação de comunicação.

D) Explica, de maneira bem-humorada, os deslizes cometidos por determinados falantes que contrariam as normas gramaticais.


QUESTÃO 20 (Descritor: relacionar dois textos a partir do conteúdo e/ou da tese defendida.)

Assunto: Procedimento de leitura.

Leia atentamente a frase a seguir:

Suas dezesseis palavras configuram um pandemônio sintático.

Todas as afirmativas seguintes sustentam o pensamento do autor, expresso na frase em destaque, EXCETO

A) “Basta pensar que a língua brasileira é outra. Uma pequena mostra de erros de redação coletados na imprensa revela que o português aqui transformou-se num vernáculo sem lógica nem regras”.

(FELINTO, Marilene. O português que o brasileiro não sabe escrever. Folha de S. Paulo, Caderno Cotidiano, 4 jan. 2000).

B) “Não podemos nos esquecer de que grande parte da população brasileira é semi-analfabeta e, se ainda mal sabe ler e escrever o nosso idioma, como cobrar-lhe o entendimento em outra língua?”

(RODRIGUES, Fátima Soares. Língua, identidade de um povo. Estado de Minas. 23 abr. 2002 )

C) “A língua que falamos é mesmo o português, ou já é o brasileiro? Está em crise a língua que falamos e escrevemos no Brasil? “ (LOPES, Carlos Herculano. A língua é do povo. Estado de Minas. Caderno Opinião, 10 de fev. 2002)

D) “Os artistas da palavra não passam para a posteridade porque rompem com a norma, mas porque sabem tirar proveito da ruptura. A transgressão, para ser bem-sucedida, deve possuir função estrutural.” (TEIXEIRA, Ivan. Veja. Errar é divino, São Paulo, 21 abr. 1999)

QUESTÃO 21 (Descritor: reconhecer questões típicas da oralidade dentro de um texto.)

Assunto: Norma culta x norma coloquial.

Assinale a alternativa em que o trecho transcrito apresenta uma forma que é consagrada na oralidade, mas NÃO é aceita pelas regras da norma escrita culta:

A) “Aceitemos as alegações do governador. Era um amigo...”

B) “O crioulo era o já nascido no Brasil, filho de uma escrava que deu cria.”

C) “Mas o amigo, o tal Marinalvo Nascimento, não era um correligionário?”

D) “O PT de Brasília, (...), iniciou processo contra ele. Teve gente que protestou.”

QUESTÃO 22 (Descritor: depreender de uma afirmação explícita outra afirmação implícita.)

Assunto: Procedimento de leitura.

Após a leitura do texto, pode-se concluir que a frase pronunciada pelo governador do Distrito Federal

A) apresentou-o como alguém que cometeu um atentado contra o idioma.

B) equiparou-o àqueles que apregoam a defesa das variações lingüísticas a serem preservadas.

C) desvalorizou-o por desconhecer a grafia correta de determinadas palavras.

D) fortaleceu-o, pois ele defendeu, com seu discurso, o dinamismo da língua.


QUESTÃO 23 (Descritor: reconhecer mecanismos de retomada de termos dentro do discurso.)

Assunto: Elementos dêiticos/procedimento de leitura.

Em todas as alternativas, o termo destacado está adequadamente correlacionado, EXCETO em

A) “... para lhe realçar o sabor...” (§ 1)

· lhe = da frase

B) “Há outra. A de que tudo não teria passado de brincadeira.” (§ 7)

· A = linha de defesa

C) Este era o escravo ainda de primeira geração...” (§ 4)

· este = escravo

D) “As pessoas mais complexas, infere-se, delas são dispensadas.” (§ 8)

· delas = das fórmulas carinhosas

QUESTÃO 24 (Descritor: reconhecer elementos equivalentes na formação de vocábulos.)

Assunto: Processos de formação de palavras/procedimento de leitura.

... ele qualificou como “crioulo” um cidadão que o hostilizava.

Nas frases a seguir, o valor semântico de des- coincide com o do par qualificou/desqualificou apenas em

A) Enquanto isso, crianças desnutridas passeavam pela rua deserta.

B) Aqueles eram parentes desavindos e casmurros.

C) Enquanto descamava o peixe, sorria ruidosamente.

D) A descida da cruz é a representação do Cristo morto.

 

gabarito dos exercícios

QUESTÃO 19

C

QUESTÃO 20

D

QUESTÃO 21

D

QUESTÃO 22

A

QUESTÃO 23

C

QUESTÃO 24

A


Postar um comentário