exercícios antes de ver o gabarito do Enem


enem-imagem-descomplica-é-bom-para-o-enemEstes são alguns exercícios bem práticos de uso da linguagem. São essenciais para o estudo da interpretação de texto e, neste caso, coerentes com o conteúdo do Enem. Claro que nos últimos dias os alunos desejam mais é saber o gabarito do Enem, mas antes de chegar o momento da divulgação, podemos estudar um pouco mais porque há vida após o Enem.

Lista de exercícios de interpretação

Leia a tirinha abaixo e em seguida responda à questão do vestibular de 2007 da UFPR (adaptada).

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QUESTÃO 06 (Descritor: perceber efeitos em decorrência de ambiguidade).

Assunto: Procedimento de leitura / sobre leitura, textos e leitores.

Leia as afirmativas a seguir.

1. A tira demonstra que afirmar que algo foi dito implica, necessariamente, afirmar que o que foi dito é verdadeiro.

2. A resposta dada no segundo quadrinho mostra que a pergunta feita no primeiro quadrinho é ambígua.

3. A resposta do segundo quadrinho permite concluir que o produto em questão se conserta sozinho.

Com base na tira, é CORRETO afirmar que

a) somente a afirmativa 1 é verdadeira.

b)somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.

c) somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.

d)somente a afirmativa 2 é verdadeira.

e) somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.

As questões 7 e 8 foram retiradas do vestibular de 2009 da UFPE.

TEXTO II

Compro, logo existo.

Templo de culto à mercadoria, o modelo do Shopping Center, como o conhecemos hoje, nasceu nos Estados Unidos na década de 1950. São espaços privados, objetivamente planejados, para a supremacia da ação de comprar. O que se compra nesses centros, contudo, é muito mais do que mercadoria, serviços, alimentação e lazer. Compra-se distinção social, sensação de segurança e ilusão de felicidade e liberdade.

O Shopping Center é um centro de comércio que se completa com alimentação, serviços e lazer. Ali o consumidor de mercadorias se mistura com o consumidor de serviços e de diversão, sentindo-se protegido e moderno. Fugindo de aspectos negativos dos centros das cidades e da busca conjunta de soluções para eles, os Shopping Centers vendem a imagem de serem locais com uma melhor “qualidade de vida” por possuírem ruas cobertas, iluminadas, limpas e seguras: praças, fontes, bulevares recriados, cinemas e atrações prontas e relativamente fáceis de serem adquiridas – ao menos para os que podem pagar. É como se o “mundo de fora”, a vida real, não lhes dissesse respeito...

O que essa catedral das mercadorias pretende é criar um espaço urbano ideal, concentrando várias opções de consumo e consagrando-se como “ponto de encontro para uma população seleta de seres “semiformados”, incompletos, que aceitam fenômenos historicamente construídos como se fizessem parte do curso da natureza.

O imaginário que se impõe é o da plenitude da vida pelo consumo. Nesses espaços, podemos ocupar-nos apenas dos nossos desejos – aguçados com as inúmeras possibilidades disponíveis de aquisição. Prevalece a idéia do “compro, logo existo”.

Além disso, esse mundo de sonhos que é o Shopping Center acaba reforçando nas pessoas uma visão individualista da vida, onde os valores propagados são todos relacionados às necessidades e aos desejos individuais – “eu quero, eu posso, eu compro”.

(Valquíria Padilha. A sociologia vai ao Shopping Center. Ciência Hoje, maio de 2007, p. 30-35. Adaptado.)

QUESTÃO 07 (Descritor: Identificar sugestões de posicionamento ao leitor)

Assunto: Procedimento de leitura / sobre leitura, textos e leitores.

O Texto 2, na forma mais, ou menos explícita como aborda o tema escolhido, convoca o leitor a aceitar (assinalar V ou F e depois selecionar a seqüência correta):

( ) a plenitude da vida, que é garantida pela alegria de poder “consumir”.

( ) a urgência de criação de espaços urbanos ideais, a serviço da população seleta e formada.

( ) os riscos subjacentes ao engodo que pode existir na ligação entre ‘comprar’ e ‘ser feliz’.

( ) os valores inerentes às funções dos centros comerciais, onde sobressai o lado solidário do homem.

( ) a superação do individualismo e o fortalecimento da compreensão do valor da vida solidária.

a) FFVFV

b)FFFFV

c) FVFFV

d)VFVFV

e) FFVFF

-descomplica-é-bom-descomplica-funciona


QUESTÃO 08 (Descritor: Identificar elementos de referenciação)

Assunto: Procedimento de leitura / sobre leitura, textos e leitores.

A referência a Shopping Centers foi realizada no Texto 2 por meio de expressões como (assinalar V ou F e depois selecionar a seqüência correta):

( ) “Templo de culto à mercadoria” (parágrafo 1).

( ) “essa catedral das mercadorias” (parágrafo 3).

( ) “O imaginário que se impõe” (parágrafo 3).

( ) “Nesses espaços” (parágrafo 3).

( ) “esse mundo de sonhos” (parágrafo 4).

a) VVFVV

b)FVFVV

c) VVVVV

d)FVVVV

e) VFVVV

TEXTO III.

Linguagem e interação

Maria Marta Furlaneto.

É interessante observar que, já no século XIX, a chamada função comunicativa da linguagem foi relegada a segundo plano, quando W. HUMBOLDT a encarou como acessória. Façamos parênteses: se ainda hoje – mesmo que por força de expressão – salienta-se a função comunicativa (retomada através de SAUSSURE, no Curso de lingüística geral), é que o foco de interesse dos estudiosos se desloca ciclicamente na história. Pois bem, para o primeiro plano passou "a função formadora da língua sobre o pensamento, independente da comunicação" (BAKHTIN, 1992, p. 289).

HUMBOLDT entendia que a língua é indispensável ao homem para pensar, mesmo que estivesse sempre sozinho. É a função expressiva, portanto, que se passa a focalizar (exteriorização do pensamento). BAKHTIN, porém, avalia que "a linguagem é considerada do ponto de vista do locutor como se este estivesse sozinho, sem uma forçosa relação com os outros parceiros da comunicação verbal" (ibid, p. 289).

Por outro lado, o que se generalizou, hoje, como função comunicativa corresponde a um arcabouço pobre, considerando a complexidade das relações humanas. Com efeito, os termos ‘falante-emissor’, ‘ouvinte-receptor’ pressupõem um papel ativo para o primeiro e passivo para o segundo (recepção / compreensão). Embora tal esquema corresponda a um aspecto do real, é falho quando se pretende que represente o todo da comunicação. BAKHTIN salienta que quem ouve um discurso adota para com ele uma atitude "responsiva ativa", ou seja: concorda, discorda, completa, adapta, executa – mesmo que em grau muito variável. E quem fala, por outro lado, não diz apenas palavras num mercado de simples troca de informações – pelo contrário, as palavras representam, na troca efetiva, pedidos, súplicas, ameaças, interrogações, manifestações de carinho, apreço, solidariedade; ou seja, o discurso tem a materialidade de seu selo histórico. Dizer e escutar palavras, assim, é só uma pequena parte do que se pode entender por comunicação.

Tendo em vista que o aspecto da compreensão é de importância crucial no processo de interação humana, gostaríamos de sintetizar aqui as várias facetas deste fenômeno, do ponto de vista de BAKHTIN.

Para ele, a compreensão passiva das significações do discurso ouvido não é senão uma etapa do processo que é a compreensão responsiva ativa, que corresponde a uma resposta subseqüente que, entretanto, não precisa ser fônica ou gráfica; no caso de uma ordem, ela pode realizar-se como um ato; pode, mesmo, corresponder a uma atitude que se retarde por algum tempo, e ainda ao mutismo da indiferença. Isto também vale para o discurso lido ou escrito. O próprio locutor, é claro, pressupõe a compreensão ativa responsiva: ele não esperaria que seu pensamento fosse simplesmente duplicado no espírito do outro; "o que espera é uma resposta, uma concordância, uma adesão, uma objeção, uma execução, etc." (1992, p. 291). Além disto, o locutor é também um virtual respondente, na medida em que não é o primeiro que rompe o silêncio de um mundo mudo: além do sistema da língua que utiliza e é partilhado pelos outros, ele também conta com a existência de enunciados anteriores, dele e de todos os outros – enunciados que, nas suas diversas formas, compõem um imenso arquivo nas comunidades lingüísticas. Cada enunciado funciona como um elo numa cadeia complexa de outros enunciados.

É especialmente para este papel ativo do outro que chamamos a atenção, uma vez que a concepção de linguagem como comunicação tem esquecido a bilateralidade do processo. Em suma, os enunciados concretos, como unidades interativas, se determinam pela alternância dos sujeitos, dos locutores; suas fronteiras, portanto, são sempre aquelas que se constroem com os outros. É a esse dispositivo essencial da vida comunitária que BAKHTIN chama dialogismo. O modo mais direto e evidente dessa alternância é, sem dúvida, o que chamamos tradicionalmente de diálogo, que é, então, apenas a forma mais simples e clara do dialogismo constitutivo. Cada réplica de um diálogo tem, segundo Bakhtin, um acabamento específico, que expressa uma posição do locutor, na medida em que ele faz parte de uma comunidade – desempenhando, portanto, papéis determinados em relação aos outros. Exemplos de relações entre réplicas: pergunta-resposta, asserção-objeção, oferecimento-aceitação.

Fonte: http://br.geocities.com/agatha_7031/inter.html#LINGUAGEM (Acessado em 07/12/2008).

QUESTÃO 09 (Descritor: Distinguir posicionamentos enunciativos em texto apresentado).

Assunto: Procedimento de leitura / a língua(gem) como interação.

Assinale a alternativa que FOGE à explanação do autor.

a) Citando Bakhtin, a autora menciona que é costume do locutor, na comunicação, conceber um interlocutor.

b) Moldada - a comunicação - na relação entre emissor e receptor, o texto expõe o caráter ativo do ouvinte.

c) Mesmo aparentemente contraditório, a resposta do interlocutor pode residir na “indiferença do mutismo”.

d) Devido à aleatoriedade dos enunciados, estes se configuram como peças desprovidas de elo entre si.

e) Com exceção da objeção, a resposta e a ressalva são procedimentos que instauram a bilateralidade da comunicação.

QUESTÃO 10 (Descritor: Identificar a finalidade do texto).

Assunto: Procedimento de leitura / a língua(gem) como interação.

Assinale alternativa que APRESENTA o objetivo do texto.

a) Expor que a linguagem foi feita a partir do pensamento humano.

b) Discutir o caráter responsivo da linguagem.

c) Exemplificar as maneiras de se estabelecer elos comunicativos.

d) Analisar a alternância dos sujeitos-locutores.

e) Especular o modo como se dão os posicionamentos dos interlocutores em objeções.

QUESTÃO 11 (Descritor: Identificar pressupostos e implícitos em enunciados).

Assunto: Procedimento de leitura / sobre leitura textos e leitores.

Assinale a alternativa em que o termo grifado FOGE à exclusividade do campo semântico da área da análise do discurso.

a) “(..) o que se generalizou, hoje, como função comunicativa corresponde a um arcabouço pobre,

b) “ Com efeito, os termos ‘falante-emissor’ pressupõem um papel ativo

c) “E quem fala (...) não diz apenas palavras num mercado de simples troca de informações...”

d) “Além disto, o locutor é também um virtual respondente,”

e) “(...) ele também conta com a existência de enunciados anteriores, dele e de todos os outros”

 

gabarito dos exercícios de interpretação

QUESTÃO 06

D

QUESTÃO 07

B

QUESTÃO 08

A

QUESTÃO 09

E

QUESTÃO 10

D

QUESTÃO 11

C


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